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Ele era fotógrafo

Um dia a gente aprende, que algumas histórias só existem na nossa cabeça e dali não podem sair, tipo a nossa.


Tínhamos tudo para dar certo. Eu Escritora, ele fotógrafo, eu indecisa cheio de devaneios, ele cheio de certezas com muito pé no chão.


Uma troca singela. Ele adorava me fotografar nos momentos importunos. Já eu, qualquer oportunidade de retrata-lo em um texto eu retratava, mesmo que ele não percebesse sempre tinha muito dele nas minhas poesias.


Até aí tudo bem.


O Q da questão é quando resolvi me apaixonar, puta que pariu!


Ele sempre dizia pra eu ir com calma, ele nunca foi de "Se entregar", coitado, tinha medo de pegar uma garoa por mim, enquanto eu já tava na chuva faz tempo.


(Não) vamos com calma, porra! Eu já tinha até imaginado o nome dos nossos cinco cachorros para ele vir com esse lance de pessoa certa na hora errada.


Na real, ele, só ele, só queria usar minha imagem temporariamente para se aperfeiçoar nas fotografias.


Eu só queria eterniza-lo para sempre nos meus livros.


Vi demais onde era escasso.


Mente de escritor é foda né? Sempre muito intenso, cheio de fantasias e expectativas em nome da literatura.


É, um fotógrafo partiu meu coração, mas agradeço a ele. Um coração partido rendem bons textos. Câmeras fotográficas quebradas não.


Obrigada.


Nathalia Salles

Edição: Werterley Martins da Cruz



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