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Resenha III: "Aranhas Moto Clube"



Aranhas Moto Clube é o segundo livro da série Mulheres no Poder, escrito pela autora Mari Sales e publicado de forma independente, em 2016.


Rachel Collins é uma mulher decidida, focada e que no momento não se imagina em um relacionamento sério, já que seu atual foco é a sua vida profissional, como advogada. Em sua carreira foi onde a protagonista se encontrou, além de focar todo o seu afeto em seu irmão, Richard, tendo, assim, certas dificuldades de aproximação com as outras pessoas.

Victor Aranha é o presidente do tão corrupto e temido Aranhas Moto Clube. Dono de uma arrogância atraente e uma personalidade um tanto difícil, não teme o perigo e jamais se importa com as leis e com as regras, apenas consigo e com sua única família, seu irmão Denny. E uma de suas prioridades corre perigo… sérios.


“Quando você está na mira de pessoas como essas, você nunca sai. Então, precisamos usar essa situação a nosso favor.”(p.85)

Em uma de suas audiências, como advogada de acusação, Rachel enxergou atrevimento e desafio nos olhos do acusado e, de alguma forma, tudo aquilo mexeu profundamente com a mente da inabalável mulher. Sem conseguir esquecer o fogo que aquele homem lhe causava, ela se vê lutando contra a própria mente para se manter focada, mas, por ironia do destino, Rachel recebeu um caso irrecusável na cidade de Victor Aranha. Durante sua estadia, Rachel é colocada novamente frente ao excêntrico Líder dos Aranhas e mal pode imaginar o que o universo lhe prepara ao se envolver em um mundo de ilegalidade, onde os princípios são outros, e precisará aprender novamente a domar sentimentos há tempos adormecidos. Seria possível viver nesse mundo, sem trair a si mesma? O quanto ela realmente conhece a respeito das leis?


“- Você não queria meu toque até um tempo atrás, por que insistir?
- Porque você me faz agir como eu nunca agi antes.”(p.100)

Em uma trama muito bem desenvolvida do início ao fim, somos apresentados a mundos opostos dentro de um mesmo plano, onde as leis existem, sim, mas de maneiras diferentes e mais sérias. Apesar de o mundo dos Moto Clubes, na realidade ser obviamente mais sério e muito mais preocupante do que é apresentado neste livro, houve uma apresentação cativante do tema, trazendo ao leitor uma necessidade de conhecer mais a respeito. O livro é narrado em primeira pessoa, com alternância entre os protagonistas (Rachel e Victor) e é docemente envolvente à maturidade com que é usada esta técnica durante a narrativa. Não tornou-se repetitivo, em momento algum, um capítulo é posto apenas como a continuação do anterior, o que achei muito mais interessante.


A autora possui características únicas e, a cada página, é perceptível a evolução gradativa dos componentes da história. Os personagens secundários são incluídos e ganham espaço no livro, com personalidades únicas, de forma a transmitir admiração por uns e repulsa por outros, remetendo assim à realidade. A forma com que Rachel e Victor se envolvem é admirável e muito bem feita, apesar da infantilidade inicial da protagonista feminina. Os sentimentos despertados por eles, em quem lê, são únicos e intensos, trazendo uma familiaridade com ambos, o que contribui muito com o estilo de narrativa da trama.


“Não culpe os outros quando a única responsável pelos seus atos é você.”(p.89)

Victor, apesar de toda a sua personalidade “máscula” e excêntrica, carrega em si grandes tristezas, grandes histórias e, principalmente, um enorme desejo de mudar, por aquilo que ama. Suas confusões e sua força de vontade me arrancaram lágrimas em alguns momentos, pois, apesar do ar de divertimento que a história carrega, é impossível não perceber a necessidade de cuidados que seus personagens têm. Denny Aranha ganhou meu coração, principalmente por suas semelhanças com o irmão, porém isso logo muda com suas atitudes infantis e palavras impensadas, por mais que justificáveis. Entendi que, em suas primeiras aparições na história ele foi muito infantilizado, o que não se encaixa em alguém da sua idade, e no mundo em que vive, mas felizmente isso logo foi resolvido e tudo retomou o eixo, tornando-se mais coerente.


Assuntos filosóficos abordados na história são a criminalidade e o machismo, mas ambos não são tão perceptíveis. É visível e inegável que Rachel representa muito bem a Mulher Poderosa na história, quando se mostra capaz de comandar situações difíceis e perigosas, idealizar soluções e, principalmente, ao ter a si mesma como prioridade e não a necessidade de um relacionamento, como pensa o senso comum. Acredito que o tema poderia sim ser um pouco melhor elaborado, mas em momento algum deixou a desejar.


Um personagem que se destaca é Richard, cuja relação com a irmã é pura e seu carinho e proteção por ela é quase palpável, o que achei lindo. Ele é uma pessoa adorável, um homem que valoriza o que tem e que junto a irmã construiu tudo o que são hoje: advogados renomados, que jamais perderam uma causa. O próximo livro da Série (Piratas Moto Clube) tem Richard como protagonista, portanto, em Piratas, a autora nos deixa uma prévia do que esperar deste personagem apaixonante.


Aranhas Moto Clube é uma obra cativante, divertida e rápida. Não um clichê, mas uma premissa interessante, necessária e muito bem desenvolvida, que me encantou do início ao fim e me fez devorá-lo sem nem mesmo sentir o tempo passar.


“Não se desculpe pelas ações feitas pelo coração.”(p.155)

Indico a você que, assim como eu, ama um bom romance com personagens de garra. E a você, que neste momento está em uma ressaca literária, com certeza Aranhas Moto Clube irá lhe curar.


Resenha de: Sakura O'Brien

Edição: Werterley Martins da Cruz

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