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Partimos do ponto em que carreguei sua dor.

Foi na mistura do calor da emoção e da pena que senti ao te ver triste, mergulhado na dor que parecia poço de tão profunda.


Me fiz encaixe para ela, tendo fé que assim estaria te amando. Fui seu depósito mais conveniente.


Era aqui que jogava suas frustrações, os trapos que sobravam e todos os tipos de tralhas velhas que não cabiam mais em ti. Virei sua bagunça.


Percebi que para tudo havia limite quando me senti cheia. Por todo canto havia poeira, tantas caixas em cima de outra e sem identificação, tantas coisas para mudança que não haviam sido selecionadas. Eram seus pertences.


Absolvida, tomei para mim sem pestanejar o que não era meu. Sujei, o que havia conservado, por pena de lhe deixar sozinho arrumando suas responsabilidades.


Só assim aprendi que cada um deve cuidar do seu próprio depósito. Não devemos absolver a dor do outro.


Carregar a bagunça que não é sua, não significa amar.

Camila Matos

editado por: Werterley Martins da Cruz

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