Eu vi você indo embora, mas sinto que ainda continua aqui. Sua lembrança insiste em habitar os cômodos da casa e me faz te enxergar por todos os lados, por todas as portas que adentro.
Dessa vez você ficou na sala, no sofá bagunçado, no cheirinho da bala de menta que faz salivar a boca, umedecer os lábios e enfeitar os beijos.
Você ficou no sono do chão fresco, quando o calor nos obrigou ver o filme estirados em frente ao ventilador.
Naquela noite, pela primeira vez, você queria assistir algo, mas meu corpo pós-amor só queria o sono de cabeça pousada em sua barriga. Lembro que o cansaço nos venceu e fomos obrigados a cochilar.
Ao acordar, ainda um pouco tonta, percebi que aquele filme, tão elogiado por você, perdeu nossa audiência. Me levantei do chão, pois já era tarde, você tinha uma viagem de volta para fazer e eu só queria minha cama. Com um carinho e um beijo ninou meu sono e se despediu.
Pela manhã você ainda estava aqui, e continua, na toalha molhada, no cheirinho de cama e no sofá bagunçado.
Camila Matos
editado por: Werterley Martins da Cruz
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