Como dizia Lispector, "viver não é coragem, saber que se vive é coragem" e por isso, às vezes, bate um desespero e aparece o amigo de todos nós, o medo.
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Mas a vida não é perfeita, ela é sempre pura, verdadeira e justa. Somos navegantes do próprio mar em nossas escolhas, inteiros errantes e poucas, mas milagrosas vezes, temos os certeiros acertos. Somos donos das consequências de cada atitude, ainda que pequena.
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Primeiro suspiro e "start" no ciclo e último suspiro, "game over". E aí, quando do seu melhor você tem dado? Quais sementes tem plantado? Quais lembranças tem deixado?
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Somos responsáveis pelas pessoas que trilham esse caminho conosco. A mãe, o pai, o irmão ou irmã, a esposa ou o marido, os filhos, os sobrinhos, os amigos. Responsáveis, também, por nossas atitudes e pela confiança e admiração que depositam em nós. Mas falo de pessoas importantes, aquelas que estão sempre ao nosso lado, de longe ou de perto.
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E como somos todos "humanos, demasiados humanos" - e tinha razão o Nietzsche -, percebemos que é duro compreender os erros, os defeitos e os tropeços dos outros; e percebemos que só continua ao nosso lado quem realmente nos ama. Surge, então, a consciência de como é difícil reconstruir confiança e levantar novamente a admiração; mas quando o amor entra em cena, tudo se cura, com cicatrizes, mas cura. E aprendemos, principalmente, com nossa família, a compreensão. Somos diferentes, vemos diferente, desejamos diferente, e por isso brigamos. Criamos uma imagem do outro que nos agrada e quando ela se quebra, tudo cai; mas se olharmos com carinho, podemos perceber que o humano justifica o erro e a quebra da nossa forma de enxergar o outro. Essa é a oportunidade de reconstruir algo maior e mais valioso.
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Aprendemos no caminho do grande ciclo, com os pequenos ciclos. Até o mistério do adeus.
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Camila Matos
editado por: Werterley Martins da Cruz
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