Por motivos sórdidos, tenho velado atrocidades em meus pensamentos a seu favor. Desde que nosso amor passou pela metamorfose reversa, tudo que eram flores se resumiram a espinhos, nasceu borboleta e morreu lagarta.
Largados de lado, nos jogamos ao acaso. Entre nós um deserto foi criado e, qualquer um que nos olhe, custará a acreditar que aqui havia um oceano. O amar foi secando e sofremos a destruição daquilo que chamávamos de nosso.
Aquelas coisas todas que dizíamos ser diferentes, nem parece que existiu entre a gente. E num brutal distúrbio nos vemos tão distantes, como dois desconhecidos no meio da multidão, e como se eu não soubesse o seu nome e toda sua vida até onde pude vivê-la, passo por ti como se invisível fosse pra mim.
As coisas não parecem ter mudado, mas como num jogo apertei "reset", e tudo voltou, como se nada tivesse acontecido. Um nada que foi muita coisa, ilusoriamente apagado. E me pego sentindo repulsa a cada sentimento que tive por você.
Camila Matos
editado por: Werterley Martins da Cruz
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